LGD – Loss Given Default
O que é LGD?
LGD, Loss Given Default ou perda dada a inadimplência, é a quantidade de dinheiro, em porcentagem, que uma instituição financeira perde quando um tomador de recursos fica inadimplente. Funciona como um tipo de parâmetro para a modelagem de risco de crédito.
A maior aplicação do LGD ocorre no setor bancário. Até mesmo bons clientes, os conhecidos ‘poupadores’, podem faltar com as suas obrigações financeiras — nem que seja por imprevistos de baixa probabilidade.
Situações como essas obrigam as instituições a utilizar algum capital reservado para esses imprevistos ou vender o título e recuperar parte do capital de alguma forma.
Como funciona o LGD?
Imagine que determinado banco empreste R$ 3 milhões a uma empresa e ela entra em inadimplência.
A instituição não vai perder, necessariamente, os R$ 3 milhões.
Pode ser menos, ou mais. Isso porque há outros fatores envolvidos, como por exemplo:
- valor dos ativos que foram oferecidos como garantia;
- redução do valor do saldo devido ao parcelamento;
- se o banco poderá receber indenização.
Mas como quantificar isso? Essa foi a proposta da criação do LGD no Acordo de Basileia II.
Lembrando que esse acordo foi um pacto firmado na Suíça que tratou de regras para serem seguidas internacionalmente pelos bancos e outras instituições financeiras ao redor do mundo. O Brasil concluiu sua adaptação às regras em torno do ano de 2011.
Qual a fórmula do LGD?
Existem diferentes métodos de cálculo para chegar ao LGD, mas o mais utilizado é o que se divide as perdas totais pela exposição ao risco — que é o loss given default bruto. Essa fórmula é mais simples e requer apenas os dados mais conhecidos, referentes aos títulos.
Por exemplo: um cliente que fez um empréstimo de R$ 500 mil para comprar um imóvel, mas paga apenas R$ 300 mil, deixando R$ 200 mil como default (inadimplência).
Como solução, o banco consegue executar o imóvel hipotecado por R$ 150 mil.
Logo, o seu prejuízo líquido foi de R$ 50 mil (200 mil - 150 mil) e o LGD foi de:
200.000 - 150.000 / 200.000 = 0,25 = 25%.
Se, por outro lado, o banco conseguisse executar o título por R$ 200 mil, o LGD seria zero.
Mas, na rotina dos bancos, o LGD líquido é mais utilizado, pois a complexidade é maior, com produtos financeiros diferentes, garantias, colaterais etc.
Qual a importância do LGD para os investidores?
O loss given default é uma medida bastante específica, mais útil para os profissionais do ramo bancário. Como investidor, é interessante conhecer o conceito de rating de crédito, no geral.
Tanto no mercado acionário quanto na compra de títulos de renda fixa, é oportuno checar o risco de crédito.
A forma mais segura de fazer isso é pesquisar as avaliações de grandes agências que trabalham com esses indicadores, como a Standard & Poor’s (S&P), a Moody’s e a Fitch Ratings.
Para você ter uma noção, elas estudam indicadores como:
- taxa de juros e como a inflação afeta o risco;
- fluxo de caixa, pois quando há um bom caixa, o endividamento costuma ser menor;
- nível de alavancagem, isto é, manobras que multiplicam a rentabilidade por meio do endividamento;
- contexto político, uma vez que qualquer entidade se subordina às normas políticas vigentes;
- balanço patrimonial, ou seja, o relatório que melhor resume a situação financeira da organização;
- projeções dos resultados futuros e compreensão das metas da instituição para os próximos meses.
Portanto, mesmo que você não calcule o LGD para os seus investimentos — especialmente os de renda fixa, que acabam funcionando, de certa forma, como um empréstimo — é fundamental estar ciente do risco de crédito das instituições.